Entre 2005 e 2011, houve enorme aumento do acesso à
internet em todas as faixas de renda e idade no Brasil, segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do IBGE. É inegável a importância do
fato para o bem-estar e o desenvolvimento das atividades econômicas - haja
vista o número crescente de transações financeiras e do volume de vendas
realizados por meios eletrônicos. Mas o levantamento não mostra o quanto esse
acesso já é decisivo para a educação dos jovens e a qualificação profissional
dos trabalhadores nem se a qualidade do serviço prestado é a mais desejável.
Os números absolutos são, de fato, significativos:
1) aumento de 143,8% no contingente de pessoas com mais de 10 anos de idade que
usaram a internet pelo menos uma vez nos três meses que antecederam à pesquisa;
2) o acesso à internet nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste mais que
duplicou, e no Norte e no Nordeste quase triplicou; 3) quase sextuplicou o
acesso nos domicílios com renda mensal per capita inferior a quatro salários
mínimos; e 4) no grupo dos jovens com 15 a 17 anos, 74,1% já estão conectados.
A internet é, de fato, essencial para a educação e
a economia modernas, mas sem o conhecimento de línguas (não só do inglês, antes
disso, do português) pode ser nulo o benefício do acesso a sites voltados para
a profissionalização e a qualificação técnica indispensável ao exercício das
atividades.
Um dos problemas enfrentados pela indústria é a
falta de mão de obra qualificada para operar sistemas e maquinaria de ponta,
que têm manuais em inglês. A deficiência em inglês é tal que muitos
beneficiários do programa Ciência sem Fronteiras não puderam aproveitar as
bolsas que receberam para estudar nos melhores centros internacionais.
Não basta, também, o acesso de alunos - e de
escolas - à internet, se os professores não estão habilitados para orientar e
acompanhar os alunos em laboratórios de informática, um dos programas oficiais.
Isso ocorreu, nos últimos anos, em áreas tão distantes como Ceará, Minas
Gerais, Paraíba ou Brasília. Ou em Tomar do Geru, em Sergipe, onde dez
computadores estão há seis anos sem uso, entre outros milhares em escolas de
todo o País.
Além do mais, a conexão tem de ser rápida, mas no
Brasil a banda larga é cara e não entrega a velocidade contratada. Depende da
fiscalização da agência reguladora Anatel, assim, assegurar que os serviços de
internet sejam melhores para todos.
FONTE: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,acesso-a-internet-cresce-mas-tem-graves-limitacoes-,1032973,0.htm
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