domingo, 2 de dezembro de 2012

Com seca prolongada, cidades do Nordeste já sofrem com colapso no abastecimento de água

A seca que assola o semiárido nordestino está afetando não só o abastecimento de água aos moradores de sítios e distritos, como já atinge as zonas urbanas. Com as chuvas escassas há mais de um ano nos nove Estados da região, muitas cidades sofrem com a falta de água.
Levantamento feito pelo UOL esta semana com as companhias de saneamento aponta que pelo menos 127 municípios em sete dos noves Estados já estão com o abastecimento comprometido. Dez dessas cidades estão colapso total e nenhum moradores recebe água.
 
O problema está nos níveis de água dos mananciais, que secam cada vez mais por conta da estiagem, que já dura mais de um ano. Os racionamentos de água chegam a acontecer em cidades da zona da mata e até no litoral. Esta semana, Maceió foi a primeira capital nordestina a iniciar rodízio no abastecimento, que atinge cerca de 200 mil pessoas que moram na parte alta da cidade.
“Hoje o nível de armazenamento de águas de todo o sertão do Nordeste está no patamar de 38%. A capacidade da região é 20 bilhões/m³”, afirmou o meteorologista e coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens de Satélite da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), Humberto Barbosa.
Segundo Barbosa, as chuvas devem voltar a cair em níveis normais apenas no próximo ano, o que deve trazer dificuldades na recuperação dos sistemas. “Mesmo com as chuvas beirando a normalidade em 2013, o déficit hídrico acumulado exigirá um esforço conjunto por parte de todos os setores da sociedade”, disse.

Colapsos

Em Pernambuco, a situação é grave e seis municípios (três no agreste e três no sertão) já estão colapso, segundo a Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento): Jupi, Calçado, Alagoinha, São José do Egito, Betânia e Triunfo. A empresa disse que um levantamento está sendo feito para saber quantos municípios estão enfrentando racionamento ou rodízio de abastecimento no Estado.
Segundo boletim semanal da Apac (Agência Pernambucana de Águas e Clima), divulgado nesta sexta-feira (30), 20 dos 69 reservatórios de água do Estado estão em colapso. Grandes reservatórios como o Entremontes, em Parnamirim, com capacidade para 339 mil m³, está com apenas 4,6% do total de água.
A estiagem também causa problemas no Rio Grande do Norte, onde três cidades também enfrentam colapso por conta dos reservatórios vazios: Luís Gomes, João Dias e Antônio Martins.
“As três cidades que são abastecidas pela Caern [Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte], que ainda não são atendidas por adutora, estão em colapso de abastecimento porque seus reservatórios secaram. As cidades estão sendo abastecidas por carros-pipa com um custo mensal de R$ 180 mil por mês para a empresa estadual de saneamento. Estas cidades terão seu problema resolvido com a construção da adutora do Alto Oeste, atualmente em execução”, disse a empresa.
Ainda segundo a Caern, ainda não há registro de racionamento em outros municípios do Rio Grande do Norte.
Outro Estado que enfrenta colapso é a Paraíba. Segundo a Cagepa (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba), 15 cidades enfrentam racionamento de água. A situação mais crítica está no município de Triunfo, onde o manancial que atende a localidade secou, e o abastecimento está sendo feito por meio de carros-pipa pela Defesa Civil Estadual. João Pessoa e Campina Grande --as duas maiores cidades do Estado-- estão livres da possibilidade de racionamento.

Racionamento ou rodízio

Na Bahia, dos 362 municípios atendidos pela Embasa (Empresa Baiana de Saneamento), 74 estão em racionamento de água. Ainda segundo a empresa, ainda não há racionamento de água em Salvador ou cidades litorâneas. A empresa não informou se existem cidades com colapso no abastecimento.
Em Alagoas, 15 cidades estão enfrentando racionamento ou rodízio, entre elas a capital Maceió. Segundo a Casal (Companhia de Saneamento de Alagoas), o problema deve se agravar com o prolongamento da estiagem, que deixa 36 municípios em emergência no Estado.
“A gente está começando a controlar a distribuição, mas se estiagem persistir, podemos chegar a ter racionamentos mais radicais. Com o atual nível de rios, acho que dá para chegar até março. Mas estamos perfurando poços e reativando outros. Tudo isso leva a um aumento do custo operacional. Somos uma empresa pública, que sobrevive com o serviço oferecido. E o custo tem aumentado muito”, disse Álvaro Menezes, presidente da Casal.
No Ceará, a Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará) informou que sete cidades estão enfrentando racionamento de água. “Em algumas cidades, uma determinada área pode ficar até quatro dias sem água”, informou. A empresa também disse que não há problema em Fortaleza, mas confirmou que uma cidade litorânea já está afetada: Fortim.
Em Sergipe, o diretor-presidente da Deso (Companhia de Saneamento de Sergipe), Antônio Sérgio Ferrari Vargas, informou que nenhuma cidade sergipana enfrenta racionamento de água. “O que está acontecendo é rodízio em sete cidades do Estado [Frei Paulo, Itabaianinha, Pinhão, Tomar do Geru, Lagarto, Riachão do Dantas e Simão Dias]. Não há problemas na capital, nem em cidades litorâneas”, disse.
Procuradas pela reportagem, as companhias de saneamento do Piauí e Maranhão não responderam aos questionamentos do UOL até a publicação dessa reportagem.
FONTE: UOL notícias

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